FMI prevê desacelaração para 2,7% no crescimento da economia global em 2023 – UOL Economia
David Lawder
Reuters, em Washington
11/10/2022 10h09
O Fundo Monetário Internacional cortou nesta terça-feira sua previsão de crescimento global para 2023 em meio a pressões conflitantes da guerra na Ucrânia, preços altos de energia e alimentos, inflação e taxas de juros acentuadamente mais altas, alertando que as condições podem piorar significativamente no próximo ano.
O Fundo disse que suas mais recentes previsões do Relatório Perspectiva Econômica Global mostram que um terço da economia mundial provavelmente contrairá no próximo ano, marcando um início preocupante para as primeiras reuniões anuais presenciais do FMI e do Banco Mundial em três anos.
“As três maiores economias, Estados Unidos, China e zona do euro, continuarão estagnadas”, disse o economista-chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, em comunicado. “Em suma, o pior ainda está por vir e, para muitas pessoas, 2023 parecerá uma recessão”.
O FMI disse que o crescimento do PIB global no próximo ano desacelerará para 2,7%, em comparação com uma previsão de 2,9% feita em julho, à medida que as taxas de juros mais altas desaceleram a economia dos EUA, a Europa luta com os preços do gás em alta e a China enfrenta os bloqueios contínuos contra a Covid-19 e um enfraquecimento setor imobiliário.
O Fundo mantém sua previsão de crescimento para 2022 em 3,2%, refletindo uma produção mais forte do que o esperado na Europa, mas um desempenho mais fraco nos Estados Unidos, após um tórrido crescimento global de 6,0% em 2021.
O crescimento dos EUA este ano será de apenas 1,6% – um rebaixamento de 0,7 ponto percentual em relação a julho, refletindo uma inesperada contração do PIB no segundo trimestre. O FMI manteve sua previsão de crescimento dos EUA para 2023 em 1,0%.
O FMI disse que sua perspectiva está sujeita a um delicado ato de equilíbrio dos bancos centrais para combater a inflação sem apertar demais, o que pode levar a economia global a uma “recessão desnecessariamente severa” e causar interrupções nos mercados financeiros e dor para os países em desenvolvimento. Mas apontou diretamente para o controle da inflação como a maior prioridade.
“A credibilidade duramente conquistada dos bancos centrais pode ser prejudicada se eles julgarem mal novamente a persistência teimosa da inflação”, disse Gourinchas. “Isso seria muito mais prejudicial para a futura estabilidade macroeconômica.”
O Fundo prevê que a inflação dos preços ao consumidor atingirá um pico de 9,5% no terceiro trimestre de 2022, caindo para 4,7% no quarto trimestre de 2023.
Uma “combinação plausível de choques”, incluindo aumento de 30% nos preços do petróleo em relação aos níveis atuais, pode prejudicar consideravelmente as perspectivas, disse o FMI, empurrando o crescimento global para 1,0% no próximo ano – um nível associado à queda ampla da renda real.
Outros componentes deste “cenário negativo” incluem uma queda acentuada no investimento no setor imobiliário chinês, forte aperto das condições financeiras causado por depreciações cambiais de mercados emergentes e mercados de trabalho permanecendo superaquecidos, resultando em menor produção potencial.
O FMI calculou uma probabilidade de 25% de o crescimento global cair abaixo de 2% no próximo ano – um fenômeno que ocorreu apenas cinco vezes desde 1970 – e disse que há mais de 10% de chance de uma contração do PIB global.
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